sábado, 5 de dezembro de 2020

DISTANTE D'ELE



Distante d'Ele

sou oceano sem água

sem ondas, sem cor...

Sou borboleta sem beleza, sem asas,

sem as cores que a enaltece.

Ou ainda um pássaro

como o beija-flor

sem o néctar das flores

que o seduz e o alimenta.

Sou poeta sem inspiração

para uma frase sequer

movida do coração.

Sou orquestra sem instrumento e maestro.

Distante d'Ele

sou noite escura,

sem a lua brilhante e redonda. 

Também não reconheço estação

que uma após a outra,

passa do Inverno ao Verão.

E sem Primavera

verei o triste Outono chegar

e suas folhas secas, caídas, 

ressequidas pela luz solar

irá para longe dos céus de anis.

Nunca serei um jardim perfumado

e florido durante estações primaveris.

Distante d'Ele desolada,

não irei à escola faceira.

Serei livro despaginado, destitulado.

Ou uma carteira vazia. 

E frase alguma terei

na parede de um quadro escolar

sem nenhuma história a contar.

Distante d'Ele

também não serei poesia, 

com versos de amor para rimar.

Serei passarinho sem asas,

que órfão da mãe não aprendeu a voar.

Ou um peixinho desajeitado, 

que não sabe nadar.

E assim, d'Ele distante

fico longe de quem me quer bem.

E como ave sem ninho

sofro a espera de um.

Enfim, meu Deus, sem Ti fico a toa.

E sem sequer um canto de fé

meu coração entoa.

Todo meu eu entristece,

sinto-me sem compaixão.

Sem o amor de meu Deus

nada tenho e nada sou.

Como vivente sem coração

minha vida será vacilante.

Eu perco até a razão,

ainda que tenha o mundo inteiro

e meu coração palpitante.


                                                                                  Aut: Sônia Lúcia

NOTA:

A autora todos os direitos.

Imagem do Google para fins ilustrativos.

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